Reflexão de um pai

Reflexão


Quando eu ouvia essa “história” de que os pais aprendem muito com os filhos, eu sempre desconfiava da verdade dessa afirmação.
Minha mente, com fortes tendências céticas, questionadoras, disparava automaticamente algumas perguntas internas: Como uma criança tenra, ou nem tanto, poderia ensinar algo a um adulto ? De que forma é possível a ocorrência desse processo de aprendizado ? Qual o conteúdo, o alcance e o valor desses ensinamentos ?
Na verdade, essa frase “as crianças ensinam muito aos pais”, precisa ser interpretada e contextualizada, a fim de que seu conteúdo e aplicação sejam revelados.
Em resumo, afirmo que: Pais que verdadeiramente se preocupam e se ocupam da educação de seus filhos, se estiverem dispostos a aprender algo novo nesse processo, têm muito a aprender.
O ponto central dessa pedagogia é o citado e recitado, ignorado e não/mal-compreendido “conhece-te a ti mesmo”.
Pais que se preocupam e se ocupam da tarefa de oferecer uma educação de qualidade para seus filhos, tendem a entender que não se pode dar o que não se tem. Explicando e exemplificando:
a)       Se eu for grosseiro, como poderei “dar” gentileza para à minha/meu filha (o) ?
b)       Se eu for atribulado, como poderei “dar” paz à minha/meu filha (o) ?
c)       Se eu sou desequilibrado, como poderei “dar” equilíbrio à minha/meu filha (o) ?
d)       Se a minha espiritualidade tiver a profundidade de um pires, como poderei “dar” espiritualidade profunda à minha/meu filha (o) ?
e)       Se minha qualidade de vida (hábitos alimentares/prática de atividades físicas) for precária, como “darei” saúde à minha/meu filha (o) ?
Essa lista poderia continuar quase que infinitamente, mas o ponto central da questão é: Eu não posso dar o que eu não possuo. Eu não posso vender, doar ou emprestar a Torre Eiffel, porque ela simplesmente não me pertence !
Após termos esse “insight”, o natural é nos perguntarmos: O que de fato tenho eu para dar ?
Essa pergunta aponta para a verdadeira questão: Quem sou eu ?
É nesse processo, de respondermos essa tão difícil pergunta, que iniciamos um profundo caminho de aprendizado.
Mas, lembremos que somente há aprendizado no exercício da atividade educativa dos filhos se:
1)       Quisermos real e efetivamente educá-los, ou seja, se estivermos dispostos a NÃO terceirizar esta tarefa para a Escola, Igreja, Discovery Kids, Cartoon Network, Xuxa ou para o Estado. E isso dá trabalho, e isso ocupa tempo. Muito tempo;
2)       Entendermos que educar não é ensinar falando, mas sobretudo ensinar agindo. Nossos filhos não farão o que dissermos para eles fazerem. Eles são inteligentes o suficiente para copiar, mimetizar o que de fato e profundamente seus pais são;
3)       Estivermos abertos para o aprendizado e mudanças profundas em nossas vidas. Ser humildes o suficiente para mudar.      
Quem sou eu, e quem é você ?

Carlos Chase (um neófito, iniciante pai de segunda viagem).

Comentários

Obrigada, cunhado, por colaborar com este blog mesmo que de forma não intencional. Seus textos super contribuem na qualidade do conteúdo publicado =]
Espero que outras pessoas tb consigam refletir enquanto há tempo.
abraço.
Mix Martins disse…
CAracas! Que texto lindo! Vou até linkar no meu blog (não que o meu blog seja popular ou algo assim... mas é porque tá lindo demais!
Concordo em tudo. Eu, filha, aprendi muito mais por exemplo do que por palavras. O comportamento e estilo de vida fazem são as coisas que realmente ficam... Aí... temos que, conscientemente, escolher mudar hábitos que estão enraizados em nós pra que alguma mudança realmente seja feita.
A maternidade tem sido uma escola pra mim, em muitos aspectos. Tem o fator totalmente obvio de se cuidar de um bebê pela primeira vez, limpar, amamentar e tal... e tem o lado do aprender ser mãe... que muda, e deve mudar, tanta coisa dentro de nós... E que muitas vezes me leva a perguntar: Quem é essa nova eu?
beijos pra o Carlos e a Ellem e a AManda e o RAfael
E beijos pros Armond de Melo que eu tanto amo, mesmo não estando tão perto quanto gostaria!

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